Desde o início de 2015, a Volkswagen ganhou destaque com o Golf GTE, um dos primeiros e mais competentes híbridos plug-in de tração dianteira do mundo nesse segmento de mercado (o sistema era igual ao do Audi A3 e-Tron, bem mais caro).

Agora, no momento de substituir o GTE, a montadora alemã criou duas versões, uma de entrada (eHybrid) que tem os mesmos 204 cv do antigo GTE, e um novo patamar mais alto, com 245 cv – curiosamente a mesma potência do novo GTI que também acaba de ser apresentado.

Os componentes do sistema não mudaram muito, mas houve progressos importantes que geraram os ganhos habituais: mais potência, menos consumo e uma autonomia ampliada.

Indo por partes, o motor 1.4 turbo a gasolina mantém os 150 cv (apesar de ter recebido novos injetores e operar a uma pressão mais elevada) e está acoplado, como antes, ao câmbio automático de dupla embreagem de 6 velocidades, que integra também o motor elétrico. Este sim, viu sua potência aumentar de 102 para 109 cv (no eHybrid são apenas 54 cv).

A evolução na bateria foi mais importante: graças a um significativo aumento da sua densidade energética, passou de 8,7 para 13 kWh de capacidade (potência de 103 kW, 96 células e química de íons de lítio) e isso permitiu esticar a autonomia elétrica de 47 para 80 km se compararmos as duas gerações de Golf plug-in de igual potência (204 cv) e autonomia total que subiu de 760 para 870 km.

No caso do novo GTE, a distância que pode rolar sem emissões é inferior, ou seja, 62 km (nota: a VW divulga os dados na norma antiga, NEDC, mas isso permite fazer uma comparação direta). Para comprovar a melhoria da eficiência de uma geração para a outra, os consumos diminuíram 0,7 l/100 km (para 1,2 l/100 km) e 1,1 kWh/100 km (para 11,0 kWh) no eHybrid vs GTE antigo, mas o novo GTE gasta meio litro mais (1,7 l/100 km) por ser mais potente.

Volkswagen Golf GTE 2021 - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Antes de avançarmos para a parte dinâmica, vale falarmos sobre as diferenças visuais no exterior, como as saídas de escape mais escondidas, e a moldura em LED azu em volta da grade de radiador (que, de noite, faz o mesmo efeito à volta dos faróis dianteiros).

Há, tal como no novo GTI, uma grade de refrigeração em padrão colméia na parte inferior dos para-choques frontais. O logótipo GTE surge debaixo do símbolo da VW na tampa traseira e as pinças de freio são vermelhas (as rodas de série são de 17″, podendo, com custo extra, ser trocadas por conjuntos de aro 18 ou 19).

Para ressaltar o caráter esportivo do GTE, por dentro encontramos os bancos com revestimento no tradicional padrão xadrez do GTI, mas com costuras e detalhes decorativos em azul. O volante de três raios é o mesmo da famosa versão esportiva.

O espaço interior é amplo para quatro ocupantes, menos cômodo para um quinto (central traseiro) devido ao volumoso túnel central.

Mas o que muda em relação aos Golf só com motor de combustão é a capacidade do porta-malas, que diminui de 381 a 1273 litros (com os bancos direitos ou rebatidos) para 272 a 1162 litros). O “roubo” é da culpa do tanque de gasolina (de 40 litros). que fica debaixo do assoalho do porta-malas. E onde fica a bateria? Debaixo do banco traseiro. No total, o GTE pesa 1624 kg, 176 kg a mais do que o GTI.

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No mais, temos a conhecida qualidade de materiais e montagem no interior, o novo seletor de câmbio sem opção de trocas sequenciais na alavanca (que ainda podem ser feitas por borboletas atrás do volante). Há duas telas de 10,1 polegadas para o painel de instrumentos e central multimídia.

O quadro de instrumentos, chamado pela VW de Digital Cockpit Pro, proporciona informação gráfica e escrita completa sobre estado de bateria, fluxos energéticos, consumo e autonomia.

Novidade é a redução do número de modos de condução, que passaram de cinco para dois. Existem os modos E-Mode (força rolamento elétrico desde que haja carga na bateria) e Hybrid, que conjuga as fontes de energia (motor elétrico e de combustão), integrando os modos Hold e Charge (que anteriormente eram independentes) para que seja possível reservar um nível de carga (para usar em cidade, por exemplo, e que pode ser regulado pelo próprio motorista num menu específico) ou para carregar a bateria com o motor de gasolina.

A gestão da carga da bateria pode ainda ser feita com a ajuda do sistema de navegação, que fornece os dados topográficos e de trânsito para que o inteligente sistema híbrido possa gerir os gastos energéticos da forma mais racional.

O quinto modo que deixou de existir, GTE, passa a estar integrado no programa de dirigir Sport, mantendo-se os quatro de antes: Eco, Comfort, Sport e Individual, com intervenção na resposta de direção, motor, caixa, som, ar-condicionado, controle de estabilidade e, quando equipado, sobre o opcional sistema de amortecimento variável DCC.

Volkswagen Golf GTE 2021 - Divulgação - Divulgação
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A suspensão é independente nas quatro rodas (multilink atrás) e também de série existe o sistema de bloqueio do diferencial XDS, que aplica a frenagem de forma seletiva nas rodas dianteiras para replicar o funcionamento de um diferencial autoblocante (ou seja, trava a roda que está perdendo aderência para que a que tem mais aderência force o carro para o interior da curva).

As arrancadas, como é de praxe neste tipo de híbridos, faz-se em modo totalmente elétrico e assim continua o carro a mover-se até que uma aceleração mais forte aconteça, ou então se excedam os 130 km/h ou a bateria comece a ficar com pouca carga.

Quem está do lado de fora escuta um som artificial, gerado digitalmente para que os pedestres percebam a aproximação do Golf GTE em garagens ou mesmo nas ruas.

E, como sempre, a aceleração inicial é instantânea e forte, como podemos perceber no tempo de 0 a 100 km/h: 6,7s, apenas meio segundo a mais que o Golf GTI. O híbrido também bate o ‘irmão’ na aceleração de 0 a 50 km/h e nas retomadas de velocidade, cortesia dos 40,8 kgfm de torque entregue de forma imediata, como é normal nos motores elétricos.

E se comparamos o comportamento em estrada dos dois? Bom, é muito equilibrado e progressivo, ainda que não tão confortável quanto os Golf não híbridos, nem tão ágil ou eficaz em curva quanto o GTI, que pesa 200 kg a menos.

Alguns motoristas podem achar a suspensão dura demais. O que realmente agrada é a transição imperceptível entre os modos de dirigir, quando o motor a gasolina começa a funcionar, e a simplicidade na operação dos modos de condução. Fora isso, o cambio automático de dupla embreagem atua de maneira mais suave do que nas versões movidas a combustão.

Por outro lado, será possível andar sem carregar as baterias durante vários dias da semana (a maior parte dos motoristas faz menos de 60 km por dia) e essa autonomia pode até ser ampliada se grande parte do trajeto acontecer no “anda e para” do trânsito urbano, situação em que o sistema de recuperação de energia pode até fazer com que se termine um percurso com mais carga na bateria do que no início.

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Um carregamento completo pode ser feito em casa (de 5h a 3h40m conforme se faça a 3,6 ou a 2,3 kW) mas, tal como os celulares que todos usamos, o mais normal é ir completando o que falta de carga ao chegar a casa.

O consumo médio oficial é de 1,7 l/100 km, mas ele poderá ser bem mais alto se não houver o cuidado de carregar a bateria diariamente ou se o trajeto for mais longo do que 100 km e em estradas rápidas. Ou muito mais baixo (zero mesmo?) se der para rodar todo o tempo em modo 100% elétrico.

Da nossa parte fizemos 136 km em percurso misto, entre cidade, estrada nacional e autoestrada, e terminamos com uma média de 3,2 l/100 km, que será cerca de 1/3 do consumo de qualquer hatch com performances similares.

O preço a pagar por esta combinação de virtudes (baixo consumo e prestações de esportivo) é, claro, o valor de aquisição na ordem dos 45 mil euros (cerca de R$ 280 mil pela conversão atual), um pouco acima do que custa um Golf GTi.

Ficha técnica

Volkswagen Golf GTE

Motor: 1.4, 16V, 4 cilindros em linha, turbo, gasolina; motor elétrico

Potência:150 cv (gasolina) / 109 cv (elétrico)

Potência combinada: 245 cv

Torque: 25,5 kgfm (gasolina) / 33,6 kgfm (elétrico)

Torque combinado: 40,8 kgfm

Câmbio: automarizado de dupla embreagem, 6 velocidades

Tração: dianteira

Suspensão: independente, McPherson (diant.) / independente, multilink (tras.)

Freios: Discos ventilados (diant.) / Discos sólidos (tras.)

Direção: elétrica

Diâmetro de raio: 10,9 m

Dimensões: comprimento: 4,28 m / largura: 1,78 m / altura: 1,48 m / entre eixos: 2,63 m

Porta-malas: 272 litros

Tanque: 40 litros

Peso: 1624 kg

Pneus: 225/45 R17

Velocidade máxima: 225 km/h

0 a 100 km/h: 6,7 s

Consumo misto: 58 km/l (média)

Bateria: posição central-traseira, íons de lítio

Tempo de recarga: 5h (em potência de 2,3 kW) / 3h40min (3,6 kW)

Preço (estimado): 44 750 euros

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