A abertura das importações no início dos anos 90 foi uma realização para os brasileiros, que finalmente poderiam adquirir produtos mais tecnológicos e refinados. Um desses modelos era o VW Golf, lançado na então inédita categoria dos hatches médios. Importado do México, não demorou para que o modelo se tornasse um sucesso de vendas.
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Chega a ser estranho pensar que a Volkswagen – hoje maior vendedora de hatches no Brasil, com mais de cinco opções no showroom – tinha apenas um modelo na categoria há trinta anos. O Golf da terceira geração foi apresentado no Salão de Frankfurt (Alemanha) de 1991, dividindo as atenções com outro modelo que foi vendido no Brasil, o Opel Astra.
O primeiro Golf no Brasil
As linhas quadradas e ângulos agudos, característica de todos os carros da VW, inclusive no Brasil, ficaram mais arredondadas no Golf de terceira geração. O saudoso MK3 também foi o primeiro a contar com airbags frontais para motorista e passageiro. O visual foi muito aclamado pelo público, sendo condecorado como o Carro do Ano na Europa em 1992. Até hoje, foi o único Golf a atingir este feito
Com a produção no México, a Volkswagen iniciou as importações do Golf em 1994. Ele era vendido em três versões: 1.8 GL, 2.0 GLX e 2.0 GTI. Este último era dotado de motor de oito válvulas de apenas 115 cv e vinha apenas na carroceria duas portas. O motor não empolgava (o Gol quadrado andava mais), mas o Golf GTI ainda era um carro muito bem equipado para sua época. Tinha teto-solar, bancos esportivos e até hodômetro digital.
O lendário Sapão
Com o sucesso de vendas do modelo importado entre 1994 e 1998, a Volkswagen decidiu dar uma chance para o Golf na indústria brasileira. Ele foi integrado à linha de produção da nova fábrica de São José dos Pinhais, no Paraná, sendo o primeiro modelo da categoria a ter fabricação local em sua quarta geração de 1999. Nas ruas, o visual descolado e encorpado o fez ser conhecido pelo apelido “Sapão”, que é utilizado até hoje para defini-lo.
O Golf MK4 era fabricado ao lado do irmão Audi A3 , feito sobre a mesma plataforma. O painel era revestido por materiais macios e de boa qualidade, levemente virado para o motorista. Tinha ar-condicionado digital Climatronic do Passat, porta-copos retrátil e rádio de dois andares.
No início de seu ciclo de vida, o Sapão tinha três motorizações: 1.6 de 101 cv, 2.0 de 115 cv (o mesmo do GTI anterior) e 1.8 de 150 cv para a nova geração da versão esportiva. O Golf logo caiu nos braços do povo, tornando-se um dos carros favoritos entre os jovens.
Golfssauro
Se a produção nacional foi um paraíso para a Volkswagen no início dos anos 2000, os fãs logo ficariam desapontados. Em 2003, a quinta geração foi lançada na Europa, passando longe do mercado brasileiro. Três anos depois, o hatch médio passou por um severo facelift no Brasil, porém mantendo todas as características do antigo “Sapão”. Os lustres dianteiros ficaram mais retangulares e as lanternas traseiras passaram a invadir a tampa do porta-malas. No interior, a Volkswagen apenas substituiu o volante e acrescentou computador de bordo. Na parte mecânica, o Golf ganhou motorização 1.6 e 2.0 flex, da família EA-111.
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Em 2008, o Golf ganhou mais uma geração na Europa, mas permaneceu desatualizado no Brasil. Neste ponto, já eram duas gerações de “defasagem” por aqui. Isso fez o modelo adquirir o apelido nada carinhoso “Golfssauro”, tendo em vista que o projeto já tinha mais de dez anos no Brasil, ainda mais em um segmento que sempre prezou pela tecnologia. O Vectra GT, mais moderno e atraente, começou a roubar seu espaço.
Um gostinho do Golf VI
Na metade da década de 2000, a Volkswagen decidiu trazer a perua Golf Variant para o Brasil. Para não causar estranheza, uma vez que o Golf nacional continuava desatualizado, a marca decidiu mudar o nome da perua para Jetta Variant. Este foi o único gostinho que os fãs brasileiros tiveram da sexta geração do Golf, que não passou pelo nosso país.
Enfim, o Novo Golf
Quando a Volkswagen apresentou a sétima geração do Golf durante o Salão de Frankfurt de 2013, os fãs brasileiros puderam, enfim, comemorar. O modelo seria vendido do Brasil, inicialmente importado da Alemanha, e o “Golfssauro” nacional iria sair de linha. As primeiras unidades desembarcaram com motor 1.4 TSI de 140 cv de potência, com a opção de câmbio manual e automático de seis velocidades. A versão GTI tinha motor 2.0 de 220 cv de potência, surgindo mais equipada do que nunca.
Em 2015, a marca iniciou a fabricação do Golf no México para abastecer o mercado brasileiro. Não durou muito, pois no final daquele ano, a VW voltou a produzir o Golf em São José dos Pinhais. Até hoje, o Golf MK7 foi um dos poucos modelos vendidos no Brasil com três nacionalidades em uma mesma geração: alemão, mexicano e brasileiro.
Crise no mercado de hatches médios
A ascensão dos SUVs tirou os holofotes dos hatches médios. A categoria que já chegou a representar 6% do mercado nacional caiu drasticamente, ficando hoje na casa dos 0,6%. Com isso a produção do Golf nacional foi condenada. O modelo saiu de linha em 2019, quando era montado apenas na versão 2.0 GTI de 230 cv.
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A Volkswagen ainda acrescentou sobrevida ao modelo com a versão híbrida GTE, que pode marcar até 22 km/l, mas trata-se de um lote restrito a 100 unidades. Com a apresentação da oitava geração do Golf no fim do ano passado na Europa, o modelo retorna ao vale da incerteza. Será que a Volkswagen vai investir no Golf como um carro de imagem para o mercado brasileiro, ou seria mais uma baixa no mercado de hatches médios?