Quando você procura informações a respeito de um carro, um dado invariavelmente acaba trazendo dúvidas: qual é a real autonomia do veículo, ou seja, quantos quilômetros eu consigo rodar com um tanque cheio (ou uma carga completa da bateria, no caso de um elétrico)?

Isso porque existem diferentes institutos que divulgam essa informação, mas cada um tem sua forma de fazer as medições. E as montadoras muitas vezes se aproveitam disso para divulgar um valor de autonomia não muito realista, mas que seja vantajoso para elas.

Há três padrões de testagem conhecidos e usados atualmente: o do New European Driving Cycle (NEDC), do Worldwide Harmonised Light Vehicle Test Procedure (WLTP) e o da Agência de proteção ao Meio Ambiente (EPA). Os dois primeiros são de origem europeia, enquanto o último é usado apenas nos Estados Unidos.

O método WLTP faz testes nas ruas para coletar dados mais precisos — Foto: Getty Images

Vale lembrar que estamos falando de dados de carros globais vendidos em diversos mercados; aqui no Brasil, o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) é responsável por instituir os padrões para medições de consumo, inclusive dos importados, mas usa metodologias diferentes.

Cada um deles tem seus próprios métodos de medição, com padrões pré-estabelecidos a serem seguidos. Curiosamente, o NEDC é considerado o menos preciso, mas também é um dos mais divulgados pelas fabricantes.

E por que os EUA têm um teste específico para eles? Por levarem em consideração uma rodagem maior em rodovias que em centros urbanos, ao contrário dos europeus.

Começando com os mais populares, o NEDC é o mais antigo deles, criado na década de 1980. Mas é considerado impreciso, já que sua última atualização ocorreu em 1997. Se formos pensar que carros híbridos e elétricos também passam pelos mesmos processos de testagem, dá para entender por que não é tão confiável – afinal, o Toyota Prius, primeiro híbrido produzido em massa, foi lançado justamente em 1997.

Os resultados do NEDC são colhidos com base apenas em testes de laboratório, ou seja, não levam em conta um cenário mais realista de direção. Para obter números mais precisos, seria necessário rodar com o veículo por ruas e estradas.

É aí que entra o WLTP, criado em 2017 para substituir a metodologia do NEDC. O sistema utiliza não só dados de laboratório, mas também leva os carros para uma experiência de desempenho no mundo real.

O novo protocolo também ajudou a eliminar grandes discrepâncias em veículos elétricos. Como o NEDC não simula tão bem o uso no dia-a-dia, normalmente a autonomia desses carros por este padrão era bem maior que o alcance real do modelo, criando polêmicas entre fabricantes e consumidores.

Além do consumo, emissões também são medidas nesses testes — Foto: Getty Images

Por exemplo, ele substitui um teste em ambiente fechado de 20 minutos por um dinâmico com duração de 30 minutos, dobra a distância analisada e o número de fases dos testes e balanceia de forma mais integrada os ciclos de rodagem entre ambiente urbano e rodoviário.

Também analisa o comportamento dos veículos em velocidade mais alta e condições de temperatura mais realistas, além de considerar os equipamentos que cada modelo possui e como isso influencia no peso e na dinâmica durante as avaliações. Dessa forma, os dados divulgados entre os dois métodos pode variar até 25%.

Já o EPA tem métodos ainda mais rigorosos, mas levando em consideração os hábitos ao volante dos norte-americanos, com testes mais longos e detalhados. Dessa forma, os dados de consumo dos carros da terra do Tio Sam costumam ser mais baixos que os europeus.

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